Foram nos versos evocativos Do poeta Castro Alves, Que o negro da senzala Encontrou as asas da liberdade.
Inspirado por Tobias Barreto Sergipernanbucano Sob os ideais de justiça Direito e libertação.
O povo preto foi assim descrito Na poesia castroalvina, Da beleza do corpo Ao trabalho forçado, Mas pouco ou quase nada saiu do plano literário.
Assim como Castro, Também não vimos a abolição se concretizar, Ele fisicamente e nós nem mesmo presente Vemos a liberdade do preto se materializar.
Por assim dizer, O preto nunca foi livre, Basta só ver um presídio, Local em que o preto se aflige.
Nos semáforos dos centros urbanos, Nos mais perigosos cargos, Nos horários mais desumanos, É pelo preto ou pobre que ele deve ser ocupado.
O preto continua preso, Até mesmo sua presença Pode ser considerada uma bobeira Quando visto é excluído.
Ouço dizer que as cotas não são necessárias Conheço gente que não as usou “Foi simples, estudou e passou”.
Médico preto? Ora em pensar, É mesmo com um branco que quero me consultar. Não sou cobaia ‘pra’ pobre se aventurar. Hoje a escravidão não tem tom cor Basta não ser da elite econômica. Pode ser mesmo até criança, O que vale é a ganância.
Nem mesmo as asas do Castro Tampouco do Tobias, Muito menos as de um Cleno Fará mudar esta realidade tão antiga e cruel. CCleno Vieira